Doutor D. Frei Patrício da Silva , 7º Cardeal Patriarca de Lisboa

n: 15 Setembro 1756, f: 3 Janeiro 1840

  • Nota: D. Frei Patrício da Silva - Preambular síntese biográfica -

    PATRÍCIO nascido em lar de lavradores opulentos, pode dizer-se que foi criado no convento dos eremitas de Santo Agostinho de Leiria. Mas, criado no sentido de educado e não de empregado inferior, conforme escreveu a maior parte dos seus biógrafos. Pela vivacidade da sua inteligência, bem depressa pôde ser admitido na referida ordem por recomendação do bispo de Mariana, como ao diante se verá descrito.
    Ordenou-se de presbítero em 21 de Dezembro de 1780 e cinco anos depois estava formado, em Teologia, pela Universidade de Coimbra; neste mesmo ano prestou provas em acto privado, no dia 20 e, em 3i de Julho, doutorou-se. Regeu várias cadeiras, desempenhou notáveis cargos e depois de Reitor da sua ordem veio a ser Cardeal Patriarca de Lisboa, chegando mesmo a desempenhar cargos de envergadura política, que n sua alta hierarquia lhe impunha como medianeiro nos momentos de grandes crises para a Nação. De tudo se dará conta, embora a traços largos, nesta concatenarão biográfica que, como único mérito, tem o curioso interesse de relembrar o extraordinário valor de um muito ilustre varão coliponense.

    Curriculum vitae: Professor de Teologia no Seminário de Santarém, Doutor em Teologia pela Universidade de Coimbra, Lente e Regente da Cadeira de Teologia da Universidade de Coimbra, Reitor do Colégio da Ordem dos Eremitas Calçados de Santo Agostinho, Pregador régio e da Coso do Infantado, Sócio da Academia Real das Ciências, Censor do Patriarcado, Deputado da Junta dos Melhoramentos das Ordens Religiosas, Inspector dos Estudos da Diocese Olisiponense, pela autoridade ordinária, Bispo eleito de Castelo-Branco, Arcebispo de Évora, Regedor da Casa da Suplicação. Cardeal na Ordem de Presbítero, Cardeal Patriarca de Lisboa, Ministro e Secretário de Estado dos Negócios da Justiça e Eclesiásticos, Conselheiro de Estado, Vice-presidente da Câmara dos Dignos Pares e Grã-Cruz da Ordem de Cristo.

    PATRÍCIO DA SILVA foi filho de lavradores da região leiriense e, segundo as mais conceituosas opiniões, nasceu no dia i5 de Outubro de 1756, no lugar dos Pinheiros, hoje da freguesia dos Marrazes, e ao tempo da freguesia de Santiago, do Arrabalde da Ponte.
    Das muitas obras consultadas, visto que nos arquivos do Patriarcado de Lisboa não existem documentos inéditos, verificámos que as opiniões se entrechocavam. Daí o caso de aceitarmos como das melhores a do célebre Couseiro - Memórias do Bispado de Leiria - cujo manuscrito impresso corre, com raridade, o escaparate das bibliotecas. Utilizamos a publicação datada de Leiria de 1898 e devida ao benemérito padre Inácio José de Matos, seu editor. Se bem que seja obra prolixa nas suas descrições, é sobejamente rica de elementos para a história deste distrito. Patrício, ainda muito novo, foi encaminhado para os estudos e, com acerto, optou pela carreira eclesiástica, na qual haveria de vir a marcar um lugar de proeminente relevo.
    Quis, felizmente, o destino fazê-lo encontrar-se com um espírito de alta envergadura intelectual - o Bispo de Mariana - D. Fr. António de S. José. Façamos uma ligeira referência a este prelado.
    Por a sua acção no Brasil e ser afecto aos jesuítas, o Marquês de Pombal desterrou-o para Leiria, com residência no convento de Santo Agostinho. O Bispo de Mariana tinha sido frade da ordem onde entraria o jovem Patrício e, reconhecendo-lhe boas aptidões para a vida religiosa, tomou-o primeiramente para o seu serviço particular, assim o experimentaria melhor, e, se possível fosse, o ajudaria até onde a inteligência lhe permitisse. Este prelado prestou assinalado serviço à Igreja portuguesa com este gesto nobilitante e caridoso.
    O doutor Dom Frei Patrício da Silva era filho de Jacinto da Fonseca e Silva e de Maria Teresa Inácia de Sousa. De seu pai sabemos ter sido lavrador, dedicando-se ao amanho das suas próprias terras. Quanto a sua mãe soubemos que, quando da abertura do caixão, o corpo se encontrava incorrupto.
    Uma vez que se encontrou internado no convento dos eremitas, ordem representativa dos religiosos que, em tempos recuados, viviam em locais isolados, onde o ermo era propício à prática das obrigações religiosas. Estes religiosos chegaram a ser numerosos na Tebaida.
    No convento dos eremitas calçados de Santo Agostinho se integrou na vida eclesiástica, razão por que no dia 21 de Dezembro de 1780 recebeu as ordens sacerdotais.
    Durante uma parte do tempo que permaneceu no convento, surgiu o debate pela propriedade do Seminário, questão levantada pelo prelado D. Manuel de Aguiar, durante a qual fr. Patrício da Silva se manteve numa enérgica defesa dos interesses conventuais, de tal sorte que começou a tornar-se notado (A. Zúquete, Leiria, etc., cap. II.).
    Aos 20 dias de Julho de 1785 prestou, na Universidade de Coimbra, provas de exame privado na Faculdade de Teologia.
    Concluída a formatura teológica decidiu doutorar-se. Desejava usufruir o benefício da propriedade vitalícia da cadeira de Teologia, de que tanto gostava. Assim singrou sempre até que passou a ser o 4º lente da 2ª cadeira, também, na Faculdade de Teologia da Universidade de Coimbra. Foi depois colocado como reitor do colégio da Ordem dos eremitas calçados de Santo Agostinho, no seu convento de Lisboa, embora alguns queiram que no de Coimbra.
    E' certo que entre as várias actividades não descurou a de pregador. Nesta qualidade de orador sagrado escolheu-o a Corte para pregador, devendo mimosear a Casa do Infantado com a sua palavra fluente.
    Era, então, "já assas conhecido por seus abalizados talentos e vasto saber". A Oração Evangélica, recitada na Real Capela da Universidade coimbrã, por ocasião da festividade, que ali se celebrou, em acção de graças pela exaltação de Sua Majestade Fidelíssima o Senhor Rei D. João VI ao trono do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, ocorrendo nesse dia de 14 de Abril de 1817 a festividade de Nossa Senhora dos Prazeres (Biblioteca Pública Municipal do Porto, N.° 4/1/12, publicação da Imprensa da Imprensa Universidade - 1840.), define perfeitamente a alta mentalidade de que era dotado.
    Em 13 de Maio de 1818 - data em que, precisamente, a 13 de Maio de 1917, um século e um ano mais tarde, havia de dar-se, nesta região, o repercussivo milagre do aparecimento de Nossa Senhora do Rosário de Fátima - foi eleito Bispo de Castelo-Branco É de 27 de Abril de 1819 o respectivo processo canónico, que não veio a ter efeito por haver sido apresentado na catedral de Évora, em 3 de Maio do mesmo ano. Santidade confirmou-o a 21 de Fevereiro de 1820. A sagração ocorreu na igreja de Nossa Senhora da Graça, de Lisboa, a 3o de Abril de 1820, depois de ter tomado posse procuração no dia 21 do referido mês.


    Porém, antes de ser confirmado, foi apresentado arcebispo de Évora (Gazeta de Lisboa, n.° 180, do ano de 1818). Outras origens são, sob este aspecto, unânimes nestas informações.
    Na relação dos despachos dimanados da Corte, na faustíssima 3.a feira, dia 3 de Maio de 1819, do baptismo da Sereníssima Princesa da Beira, acha-se no respectivo registo bispo eleito de Castelo-Branco, Fr. Patrício da Silva, arcebispo de Évora (Gazeta de Lisboa, n.° 181, do ano de 1819), curiosa dualidade referenciada pela Gazeta pública que gozava do privilégio da autorização, real.
    A sua Pastoral de saudação à diocese de Évora, de 10 de Maio de 1820, considera-se um documento notável pelo sentido e pelas doutrinas, e admite-se que, no género, é das mais extensas que se conhecem pois forma um volume de 86 páginas com as dimensões de 110 x 161 milímetros. Digna de muito apreço, esta Pastoral deve considerar-se de todo o interesse porque representa um verdadeiro tratado de Religião e Moral, adequada, com hábil critério, às mais importantes necessidades dos fiéis e exposta numa linguagem amena e fluente (Fortunato de Almeida, História da Igreja em Portugal. L.° IV, Pag. 171). Merece a atenção dos católicos por ser estudo, além de valiosamente literário, de apreciável cultura religiosa.
    Os anos seguiram-se e os seus trabalhos foram aumentando progressivamente, de molde a absorvê-lo por completo.
    No ano de 1823 vamos encontrá-lo como membro da Junta que estudou a reforma da Nova Carta de Lei Fundamental da Monarquia. A sua nomeação deu-se após a publicação do decreto de 18 de Junho do sobredito ano e tinha como objectivo o estudo da nova base constitucional.
    Reinava D. João VI - o clemente monarca - quando se trava a contra--revolução absolutista, seguida da jornada de Vila Franca, conhecida pela Vilafrancada. Dá-se neste momento a histórica supressão constitucional de 23 de Setembro de 1822.
    Depois de algumas tentativas de nova sedição absolutista, desabrochou o movimento revolucionário que, historicamente, ficou conhecido por "Abrilada".
    Em 20 de Junho de 1824, o Arcebispo de Évora, D. Fr. Patrício da Silva, em companhia do Cardeal Patriarca, D. Carlos da Cunha Meneses (1818-1825), procura avistar-se com o Rei numa audiência especial, para, com segurança, poder esclarecer - por carta - a Rainha de que "não está obrigada a empreender a viagem que lhe havia sido imposta, no caso de que o actual estado de saúde da enferma lho não permitisse; confiando que quando esta se restabeleça, e lho permita, não deixará de cumprir a régia ordem" (Barão de São Clemente, Documentos para a História das Cortes Gerais, Tomo I, página 890.).
    O nosso bispo aparece-nos dentro da actividade política a exercer, em 1824, as funções de ministro dos Negócios da Justiça e Eclesiásticos (Cultos). Nesta época passaram-lhe pelas mãos importantes negociações de delicada resolução, como foi o caso da atitude da Rainha D. Carlota Joaquina, no momento da revolta de 3o de Abril (Abrilada).
    Pelo Consistório de 27 de Setembro de 1824, o Papa Leão XII elevou-o à dignidade de presbítero, concedendo-lhe o barrete cardinalício. Menos de dois anos volvidos e temo-lo eleito Cardeal Patriarca de Lisboa, por confirmação da bula de 13 de Março de 1826, também de Sua Santidade Leão XII.
    Sobre as suas armas e pela observação directa a que procedemos no Patriarcado, concluímos o seguinte: parece ter usado brasão oval partido. Na dextra, sobre campo prateado um leão rompante; na sinistra, sobre campo dourado, um pelicano de dupla cabeça (?); como timbre um coração de vermelho em fundo negro. Encimado pela tiara que, como subida honra, é usada pelo Patriarca de Lisboa: e a sobrepô-la uma cruz doble.

    Quando, no dia 4 de Março de 1826, o senhor D. João VI guardou o leito, gravemente enfermo, providenciou no sentido de o Reino passar a ser governado condignamente durante o seu impedimento, e, por isso, o decreto do dia 6 do referido mês instituiu o Conselho de Regência que passamos a expor:
    Presidente - a Infanta D. Isabel Maria, nascida em 4-7-1801 e falecida em 22-4-1876;
    D. Fr. Patrício da Silva, cardeal patriarca;
    D. Nuno Caetano Alvares Pereira de Melo, duque de Cadaval;
    D. Francisco de Meneses da Silveira e Castro, marquês de Valada;
    D. Marcos de Noronha, conde dos Arcos.
    O Rei D. João VI, alguns dias depois, sucumbia e, como consequência, dentro de pouco tempo, estaria o país a debater-se com cruéis lutas intestinas.
    Entretanto, com o falecimento do cardeal patriarca de Lisboa -D. Carlos da Cunha e Meneses - havia-se dado a sua eleição para a alta dignidade da Igreja, tendo sobre essa escolha régia recaído a confirmação da bula de 13 de Março de 1826. Mas o Santo Padre Leão XII não evitou a admonenda comunicando-lha, por escrito, nestes termos: "...Tivemos o desgosto de saber que vos haveis encarregado da administração da Igreja de Lisboa logo depois da nomeação régia, sem esperar a confirmação apostólica" (Fortunato de Almeida, História da Igreja em Portugal, Tomo I, da parte IV, página 45).
    O seu distinto sucessor na cadeira episcopal de Lisboa foi o digno Fr. Francisco de São Luís Saraiva, a quem se devem muitos trabalhos de grande interesse no campo da investigação histórica e filológica, reunidos em edição da Imprensa Nacional de Lisboa (Obras Completas do Cardeal Saraiva, em 10 tomos.). Os absolutistas não deixavam de aproveitar o prestígio das funções eclesiásticas em benefício da sua causa política.
    A partir de Maio de 1828 aparece uma série de pastorais em que os Bispos aconselham a fidelidade do povo ao governo e às instituições de El-Rei D. Miguel (Fortunato de Almeida, História de Portugal, tomo VI, pág. 9 5), assim deveria ser, segundo se afirmava, porque o monarca representava a legitimidade do Poder.
    Tomou D. Patrício a iniciativa aliás prudente de, em 9 de Junho de 1828, dirigir uma conceituosa pastoral ao seu desagregado rebanho, afim de elucidá-lo com verdade do caminho que mais conviria escolher (Barão de S. Clemente, Documentos para a História das Cortes Gerais, etc. Tomo IV, pág. 645). No famoso Diário para o ano de 1832, no capítulo referente ao mês de Janeiro, o célebre António Ribeiro Saraiva, político e diplomata, partidário de D. Miguel, sendo por este monarca feito representante de Portugal em Londres, diz o seguinte, que passamos a transcrever por achar imensamente curioso como subsídio biográfico: "Escrevi ao ministro da Baviera, remetendo-lhe as cartas do Cardeal Patriarca de Lisboa, de cumprimento do novo ano, para S. S. M. M. Bávaras, e pedindo-lhes as transmitisse a seu destino; escrevi, também, ao embaixador da Saxónia, remetendo-lhe uma carta do mesmo Patriarca e da mesma natureza, para El-Rei de Saxónia" (Inspecção das Bibliotecas Eruditas e Arquivos, publ. do Diário de Ribeiro Saraiva (i83i-i888), Imp. Nac. 1916, tomo I, pag. 107).
    A sua acção era vária e exercia-a em todos os sentidos que conviessem à Pátria.
    Está marcada a data de a3 de Julho de 1833 como aquela em que se aproximaram de Lisboa as forças do Duque de Terceira, daí a ordem do Patriarca D. Patrício autorizando o clero regular e secular a armar-se, para coadjuvar as tropas de D. Miguel (Gazeta de Lisboa, suplemento ao n.° 172).
    Referiremos, porém, outros acontecimentos em que a sua incansável acção sempre interveio com ponderado acerto.
    Quando verifica que começa a fracassar a frequência do Seminário de Santarém, por causa das dissensões políticas de 1829-1834, reconhece rapidamente a necessidade de trazer para perto de si esse organismo educativo que já havia dado tão sanzonados frutos. Representa ao Governo o que estava passando e, dentro em breve, o edifício de São Vicente de Fora, em Lisboa, é-lhe entregue para a condigna instalação de aulas do Seminário.
    Depois de rápida busca ao Livro das Eleições, da Biblioteca Nacional de Lisboa, deparamos com um documento que, segundo o texto original, se apresenta assim:
    "Anno de Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo mil oitocentos trinta e seis aos onze dias do mês de Junho do mesmo anno na cidade de Lisboa no Mosteiro de N. Senhora da Conceição da Luz (em) Arroios, à Igreja concorreo o Em.0 Snr. Cardeal Patriarca (D. Patrício da Silva) para assistir à Elleição dAbbadeça do mesmo Mosteyro, para e que reunida toda a comunidade se apresarão os Votos para Escrutínio Secreto, e servindo de Escrutinadores o Rev."10 Dr. Miguel Seraphim Ribeiro, (3), Secretário do mesmo Ex.m0 Snr. e o Rev.mo Elizardo Jose Tavares seu Cappellão Esmoller, foi proclamada Abadeça do mesmo Mosteyro pelo mesmo Ex.mo Senhor a Madre Soror MARIA JOSE DO SACRAMENTO com a maioria absoluta de dezoito votos, cuja Elleição o mesmo Ex.rao Senhor aprovou, houve por boa e canónica e mandou que se cumprisse e ás Relligiosas recomendou que reco-nhecessem a Elleita como sua Prelada, e como tal lhe obedecessem e dessem posse pelos Actos competentes e de tudo mandou Sua Eminência lavrar este Auto que assinou com a Abbadeca Elleita, com os Escrutinadores, e comigo JOSE MARIA DE SOUSA COUCEIRO, Secretário da Camara Eclesiástica escrevi e assygnei (B. N. L. - Secção dos Reservados - Códice do Fundo Geral, n.° 8.698, pag. 26)".
    Não temos nos escritores que alguma alusão fazem à vida - como hoje se diria - extraordinariamente dinâmica do prelado, qualquer nota que se refira à sua saída de Portugal para ir a Roma. Porém, no conclave da eleição de Pio VIII e, quási a seguir, no de Gregório XVI, decerto tomou parte activa.
    Se o pouco tempo de que dispusemos para a elaboração do presente trabalho nos houvesse permitido, teríamos podido confirmar documentalmente tais ocorrências.
    Também a D. Patrício se deve a provisão de 2 de Outubro de i858, à qual se ficou devendo a cadeira de Teologia Moral "para que as pessoas residentes em Lisboa, que se destinavam ao estudo eclesiástico, . os recentemente iniciados nas ordens, pudessem adquirir naquela aula os conhecimentos necessários ao sagrado ministério". Há razões que nos levara a crer que esta cadeira, tal como foi fundada, não ultrapassou um decénio.
    Sob o aspecto político surgem algumas opiniões desencontradas a seu respeito. Citaremos aquela em que se afirma, com toda a certeza, que "em política, adoptara a do sistema constitucional; na ver-dade foram os constitucionais que o elevaram à sua alta dignidade". Esta alusão verificámos que se acha erradamente inserta no Couseiro (Fortunato de Almeida, Hist da Igreja em Portugal, L. IV.) porquanto basta ler uma das suas mais importantes pastorais, a que atrás citamos por exemplo. Nesse precioso documento se mostra bem qual a tendência, segundo seu alto critério, que mais convinha imprimir aos destinos da Pátria, visto que não deveria ter esquecido o perigo da indecisão pública que poderia vir a formar-se com graves repercussões desastrosas.
    Durante o reinado de D. Miguel, quando se tratou de reatar as relações do Estado com a Santa Sé e o clero nacional, teve iniludível interesse a sua intervenção prestigiosa.
    E' sabido que as dioceses do Reino estiveram, de 1833 a i839, quási todas, por ausência ou vacância, destituídas dos seus legítimos pastores. Mais se evidencia, assim, dentro do período tradicionalista, o arreigado espírito de patriota insigne de D. Patrício da Silva, por haver sido quási que o único prelado integrado nas suas funções, conseguindo habilmente harmonizar o espiritual com o temporal. "Nunca reconheceu os direitos que o governo lhe arrogou no provimento dos benefícios, pois não quis dar a colação canónica aos beneficiados nomeados pelo governo segundo o decreto de 5 de Agosto de 1833. Mesmo octogenário, acabrunhado pelas enfermidades, opôs-se até onde pôde." (na BNL existe em duplicado esta Pastoral, com as seguintes cotas: Religião Varatojo 4411 e Rel. Past. 85831 v).
    Com alevantados procedimentos pôde justificar sempre as palavras amigas que proferiu numa das suas Pastorais, aconselhando que "A paz de Deos, aquella paz, cujas delícias excedem toda a inteligência, e toda a comprehensão humana, reine em nossos espíritos, pela graça, e pelos merecimentos de Jesus Christo (Pax Dei, quae exuperat omnem sensum, custodiai corda vestra, et intelligentias vestras in Ghrisio Jesu.), a quem seja dada honra, e glória por todos os séculos dos séculos".
    A imprensa de Lisboa, no dia 4 de Janeiro de 1840, noticia o seguinte: "Uma desgraça, que enche de mágoa e de luto a Igreja Lusitana, teve ontem lugar. Pelas quatro horas da manhã faleceu o Eminentíssimo Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Patrício da Silva, na idade de 83 anos, depois de ter passado com uma fortaleza e resignação verdadeiramente cristãs as dores e angústias de uma breve, mas intensa enfermidade. O Digno Prelado conservou até aos últimos momentos o uso das suas faculdades intelectuais. Apenas pode consolar-se a saudade dos que conheceram, e experimentaram suas edificantes virtudes, com a certeza de que ele foi chamado por Deus à morada dos justos!
    Não teve o Cardeal Patriarca as vantagens de um ilustre nascimento, e por isso mais abonam o seu merecimento as qualidades a que deveu a sua elevação, e o crédito e respeito de que sempre gozou desde a humilde condição de religioso até aos cargos mais eminentes do Estado e da Igreja. Foi da extinta ordem dos eremitas calçados de Santo Agostinho; Doutor em Teologia e lente desta Faculdade na Universidade de Coimbra, sócio da Academia Real das Ciências, Bispo de Castelo-Branco, Arcebispo de Évora, Ministro e Secretário do Estado dos Negócios Eclesiásticos e de Justiça; Cardeal da Coroa, Patriarca da Santa Igreja de Lisboa; Par do Reino e Vice-Presidente da Câmara dos Pares.
    As letras perderam um sábio; a Diocese um pastor exemplar; os desgraçados um benfeitor.
    Os restos mortais do venerando Prelado, depois de embalsamados, serão amanhã, ao meio dia, depositados na Igreja de São Vicente de Fora, onde se lhe farão as honras funerais devidas aos Príncipes.
    A Corte foi convidada para assistir a esse acto solene.
    Uma guarda maior deverá guarnecer o Templo, e em demonstração do geral pesar estarão fechados por três dias os teatros e espectáculos públicos."

    No caixão, já descolorido pela acção do tempo, está pintado a negro o n.° 1 e a seguir a data de 1824-1840.
    Pudemos verificar, in loco, que o caixão tem dependuradas 4 argolas e 2 fechaduras; está tapado com pano vermelho e por cima vê-se o chapéu cardinalício, sem borlas e bastante desprezado. Na cobertura uma cruz branca (35cm x 5i cm), aureolada de cordão de seda amarela. As dimensões exteriores do ataúde: 1,93 m ; largura 63 cm.
    Jaz provisoriamente, mas abandonado, com outros cardeais, sob os arcazes da sacristia da igreja de São Vicente de Fora, a que se dá o pomposo nome de Panteão dos Cardeais!

    Na Biblioteca Nacional de Lisboa não existe o seu retrato de corpo inteiro, como se acha escrito por alguns escritores. Há um retrato seu de meio corpo na escadaria do Patriarcado, emoldurado de madeira, em que figuram, na parte superior do caixilho, as suas armas eclesiásticas pintadas de sua côr. Porventura existe outra, ou reprodução na posse de sua família. Mas, mesmo assim, faltava-nos encontrar o quadro a óleo de corpo inteiro. Nos Estados Biográficos ou Notícia das Pessoas Re-tratadas nos Quadros Históricos pertencentes à Biblioteca Nacional de Lisboa, por José Barbosa Canais de Figueiredo Castelo Branco (1854), e no livro Retratos em Tela, por Gabriel Pereira (1904), alude-se à referida pintura. Mas o caso é que, em verdade, não se sabia onde se encontrava agora.
    Ao fim de algum tempo de tentativas sempre frustradas, quis o destino encaminharmos para as arrecadações do Arquivo da Torre do Tombo, depois de devidamente autorizado pelo sr. dr. António Baião, seu digno director. Ali deparámos com uma tela, em manifesto estado de abandono, na qual lemos a inscrição seguinte:
    "D. Fr. Patrício da Silva, da Ordem de Santo Agostinho, Doutor em Teologia, lente da mesma faculdade na Universidade de Coimbra, Deputado da Junta do Milhoramento das Ordens Regulares, pregador régio e da Sereníssima Casa do Infantado, sócio da Real Academia das Ciências de Lisboa, eleito Bispo de Castelo-Branco em 13 de Maio de 1818, Arcebispo de Évora em 3 do mesmo mês de 1819, sagrado na igreja deste convento de N. Senhora da Graça em 3o de Abril de 1820, Cardeal Presbítero da Santa Igreja Romana, do Conselho de Estado, Ministro e Secretário de Estado dos Negócios Eclesiásticos e da Justiça, de que passou a Regedor das Justiças da Casa da Suplicação"

    Quando este quadro depois de restaurado for integrado no património artístico desta cidade poder-se-á, então, dizer :

    "Ecce filius tuus" (do Apocalipse de S. João, cap. 19)
    (Eis aqui o teu filho)
    legenda própria à memória do Prelado que tanto ilustrou as letras por seu profundo saber, como serviu a Pátria e a Igreja por suas virtudes e exemplos.

    CONCLUSÃO - Que LEIRIA, ao comemorar os seus quatro séculos de cidade activa e progressiva, inaugure no Museu Municipal, entre a galeria dos seus mais ilustres filhos, o quadro abandonado de Dom PATRÍCIO DA SILVA. ("O Coliponense Doutor Dom Frei Patrício da Silva,Cardeal- Patriarca de Lisboa", por João Afonso Côrte-Real (LIVRO DO 1º CONGRESSO DAS ACTIVIDADES DO DISTRITO DE LEIRIA - 23 a 26 de SETEMBRO 1943)
  • Nota: Reitor do Colégio da sua Ordem em Coimbra foi depois pregador Régio, Censor do Patriarcado e Professor de Teologia no Seminário de Santarém1
  • Nota: Foi regedor da Casa da Suplicação, Ministro dos Negócios Eclesiasticos e Vice presidente da Camara dos Par,es em 18261
  • Nascimento: 15 Setembro 1756; Camarnal, Arrabalde, Pinheiros, Leiria; (O Couseiro afirma que nasceu em Outubro)
  • Nota: Patrício da Silva (1) nasceu a 15 de Setembro de 1756, num sítio chamado Camarnal (2) , nos Pinheiros (Arrabalde da Ponte) (3) . Seus pais chamavam-se Jacinto da Fonseca de Oliveira e Maria Inácia (ou Teresa Inácia). Sabemos também que Domingos Fernandes de Oliveira era seu avô paterno (há um Sarg Mor com o mesmo nome na Capitania de S. Paulo, em 1957, mas não conseguimos saber quais a sua origem). Patrício da Silva teve 5 irmãos: Felícia (bisavó de Virgínia da Costa Guerra), Ana Hedwiges, Maria Joana, Helena Bárbara e Joaquim Nicolau.
    Patrício da Silva fez os seus estudos básicos e professou no Convento de Santo Agostinho de Leiria, tendo sido ordenado presbítero em 21 de Dezembro de 1780, com 24 anos (4) . Foi apoiado por um "bispo de Mariana" (5) , relegado pelo Marquês de Pombal para o Convento da Graça (em Lisboa), bispo esse que influiu para que a Ordem o aceitasse. Contudo, muito se tem discutido sobre qual a situação em que Patrício da Silva entrou no Convento de Santo Agostinho de Leiria. Se, como alguns autores afirmam (6) , foi para lá servir, os seus pais deviam ser de condição humilde. Porém, há indícios de que os seus pais eram lavradores com posses. Sabe-se que tinham terrenos nos Pinheiros e até possuíam ali casa em pedra, como é ainda voz corrente no lugar. Alias, O Couseiro referencia as "casas em que foi creado e nasceu (...) a nascente do caminho" que atravessa os Pinheiros "e no sítio do Camarnal" (7). Consequentemente, Patrício da Silva pode ter sido confiado aos agostinhos para que servisse a Deus e recebesse ali a sua educação (8) . Ou, segundo outros, "foi criado no Convento dos Agostinhos" supondo-se que aí foi educado e instruído convenientemente.
    Um indício que apoia a teoria de que a família de Patrício da Silva tinha mais tarde bastantes bens é a carta que escreveu o Tenente António Luís Ribeiro da Silva (filho da sua irmã Felícia), em 25 de Junho de 1838. Nessa missiva, solicitava-se a demissão do Exército por "lhe ter morrido um tio que lhe deixou muitos bens em cuja administração necessita empregar-se e não precisando do benefício da reforma". Tal tio (materno) era o Comendador Joaquim Nicolau da Fonseca e Silva, irmão de D. Patrício da Silva. Efectivamente Joaquim Nicolau tinha, com apoio e pedidos do Cardeal, sido Escrivão da Real Câmara no Desembargo do Paço na Repartição do Minho e Trás-os-Montes em 1823, Comendador da Ordem de Cristo e Fidalgo da Casa Real (1925), arrecadando uma fortuna que deixou ao seu sobrinho.

    De uma forma ou de outra, os seus "superiores em religião", reconhecendo em Patrício da Silva invulgares dotes de inteligência, enviaram-no para a Universidade de Coimbra. Ali completou a formação teológica. Foi aluno brilhante da Faculdade de Teologia (9) e fez o seu Doutoramento solene na Universidade de Coimbra a 31 de Julho de 1785, com 28 anos, ascendendo logo a lente da mesma Faculdade. Foi depois escolhido para Reitor do Colégio da sua Ordem, em Coimbra e em Lisboa. Mais tarde, foi indigitado para Pregador Régio, esteve ligado à Casa do Infantado e foi Capelão da Capela Real no Palácio da Bemposta. Foi igualmente Censor Eclesiástico do Patriarcado, Sócio da Academia Real das Ciências e professor de Teologia no Seminário de Santarém. Deputado à Junta dos Melhoramentos e Inspector dos Estudos do Patriarcado de Lisboa, julga-se que Patrício da Silva seria também maçom (10) , tendo sido "iniciado" por volta de 1792 e "denunciado" (33) em 1832. Aliás, dado o seu poder e influência, era jocosamente chamado como "D. Patrício I, patife pedreiro", numa alusão à sua possível filiação na maçonaria.
    Foi rápida a sua subida na hierarquia eclesiástica e civil pois, em 1818, recebeu a nomeação de bispo para a diocese de Castelo Branco, lugar de que não chegou a tomar posse por ter vagado a arquidiocese de Évora, para onde foi escolhido em 3 de Maio de 1819, no quadro dos "testemunhos de satisfação real" , resultantes do baptisado da infanta Maria da Glória, futura D. Maria II, a 3 de Maio de 1819, no antigo convento de religioos carmelitas calçados no Rio de Janeiro, que fizeram publicar muitos despachos de nomeação (11) .
    Ainda não estando em Évora, nomeou governador do arcebispado o vigário capitular eleito, mestre-escola Dr. António Maurício Ribeiro, em 17 de Abril de 1820 (12) . Passou depois procuração ao Bispo de Eucarpia, a 19 do mesmo mês, para em seu nome tomar posse do arcebispado (13) . Em 14 de Outubro avisou o Cabido da iminência da sua chegada. A sua Pastoral de entrada foi notável, na forma e na doutrina. Já em Évora, D. Frei Patrício desejou celebrar o seu primeiro Pontifical na Sé, no dia de Todos os Santos e, na primavera seguinte, anunciou a resolução de iniciar a visita geral à arquidiocese, cumprindo assim a sua missão de Pastor.Alem do quadro existente na Patriarcal fez-se igualmente pintar em corpo inteiro, num óleo que existe na Torre do Tombo, onde tem o seu curricul, escrito, em baixo, no quadro.

    Adoptou as seguintes armas: Escudo partido: I- Um leão rompante (Armas dos Silvas); II Uma águia bicéfala, tendo na garra um mundo raiado (armas de devoção, alusivas à Congregação dos Agostinhos). Contra mantelado : um coração (armas simbólicas)
    Relativamente à sua acção na capital do Alentejo, sabe-se que mandou cantar na Sé um solene Te Deum Laudamus e colocar iluminações, por motivo do "feliz regresso de S. M. e da Real Família a este Reino depois d'uma auzencia de 14 annos" (14) . Em 24 de Janeiro de 1822, determinou que se festejasse o 3º aniversário das "Novas Cortes Gerais e Extraordinárias", com Missa Solene, a que assistiram as autoridades. No mesmo ano, enviou carta ao Cabido sobre o juramento que se devia prestar à "Nova Constituição Política da Monarquia" por parte dos eclesiásticos (15) . Não esqueçamos que a Religião Católica era a religião oficial do país. Por esse facto, todos os acontecimentos de índole governamental tinham eco nas esferas eclesiais. Assim, quando o Rei proibiu todas as sociedades secretas, por Carta de Lei de 20 de Junho de 1823, o Secretário de Estado dos Negócios da Justiça imediatamente comunicou o facto ao Arcebispo D. Patrício da Silva (16).
    Por essa altura, a saúde do Papa Pio VII inspirava sérios cuidados, mandando o monarca português que se fizessem preces. Após o falecimento, o Aviso Régio de 13 de Setembro de 1823 determinou sufrágios. A Pio VII sucedeu o Cardeal della Genga com o nome de Leão XII, que mais tarde ficará ligado a privilégios concedidos à Sé de Évora.
    Mas D. Patrício da Silva foi também elemento preponderante na política nacional e na governação pública, ocupando elevados cargos. Na política, foi sempre fielmente obediente aos poderes constituídos. Alguns dos seus críticos consideraram-no, por isso, bajulador e homem de dois rostos (17). É possível que o tenha sido. Acima de tudo, serviu a Nação, sem olhar às formas do governo, procurando manter intocado o poder da Igreja, o que não foi fácil.
    D. João VI teve sempre D. Frei Patrício em muito apreço. Logo após a Abrilada, o monarca nomeia-o Ministro e Secretário de Estado dos Negócios Eclesiásticos e da Justiça, função que exerceu desde 11 de Maio de 1824 até 15 de Janeiro de 1825 (18) . Deste modo, a 1 de Junho de 1824, o Arcebispo de Évora D. Frei Patrício da Silva foi responsável pela execução da "Carta de Lei, porque Vossa Magestade (...) Ha por bem Declarar instaurada a antiga, verdadeira, e única Constituição da Monarquia Portugueza, Mandando chamar a Cortes os tres Estados do Reino". A 22 de Junho de 1824, foi-lhe também cometido pelo Rei o entregar uma mensagem à Rainha Carlota Joaquina, pela qual o monarca (e seu marido) ordenava que abandonasse o reino; o que ela nunca fez. A responsabilidade da missão que foi confiada a D. Frei Patrício da Silva mostra bem como D. João VI o tinha em conta.

    É de 14 de Junho de 1824 a carta em que o Arcebispo agradece ao Cabido Eborense os cumprimentos que recebera, prometendo fazer todo o bem possível à "Ilustre Corporação".

    « Tendo sido Servido instaurar huma Secretaria de Estado, para o expediente dos Negocios Ecclesiasticos, e de Justiça, separada de todas as outras:
    e attendendo aos conhecimentos, prudencia, e virtudes, que revestem a pessoa do Arcebispo Metropolitano de Evora, D. Fr. Patrício, do Meu Conselho, e por esperar que em tudo sempre servirá à Minha satisfação, como até agora:
    Hei por bem nomeallo Ministro e Secretario de Estado dos Negocios Ecclesiasticos, e de Justiça.
    O Conde de Sub-Serra, do Meu Conselho de Estado, Ministro Assistente ao Despacho, o tenha assim entendido, e faça executar.
    Bordo da Não Windsor Castle, surta no Tejo, em 11 de maio, de 1824.
    Com a Rubrica de Sua Magestade. »
    Assim foi o despacho do Rei

    Entretanto, no Consistório de 27 de Setembro desse ano , o já referido Papa Leão XII nomeou o Arcebispo de Évora cardeal presbítero, com beneplácito do Rei. D. Frei Patrício da Silva, que não esquecera as promessas feitas ao seu cabido (20) , viria a obter de D. João VI o alvará de 27 de Novembro de 1824 concedendo o tratamento de "senhoria" aos cónegos de Évora (21). Adicionalmente, pelo Breve de 15 de Março de 1825, Leão XII autorizou os cónegos eborenses a usarem vestes distintas. Este Breve foi lido na sessão capitular de 19 de Julho de 1825, bem como o respectivo beneplácito régio, datado do Palácio da Bemposta, em 16 de Junho desse ano. As novas vestes dos capitulares constituíam no uso de meias, cinto e cabeção de cor violeta-purpúrea, roquete até a mão, arminhos nos mantos e chapéu com borlas e orla verde.
    Em 24 de Dezembro de 1825, o Cardeal Arcebispo D. Frei Patrício da Silva comunicou a sua transferência para o Patriarcado de Lisboa (22). Contudo, era ainda Arcebispo de Évora quando, em Março de 1826, faleceu o Rei D. João VI, ficando o governo do reino sob a regência da Infanta D. Isabel Maria. Foi o Cardeal D. Frei Patrício quem transmitiu ao Cabido a forma de terminar a colecta a dar-se na Santa Missa: "Regem Nostrum Petrum, Reginam et Principes cum prole Regia".
    Antes de tornar posse do Arcebispado de Lisboa, D. Frei Patrício informou o Cabido Eborense que, desejando fazer algum bem "às minhas amadas ovelhas de Évora antes de terminar o Sagrado Ministério de as pastorear", pedira aos Missionários de Brancanes uma Missão no 1.º Domingo da Quaresma, na Sé (23) . Nos anos seguintes, o Cardeal D. Patrício da Silva continuou a cartear-se com o Cabido de Évora e a orientar o Governador do Arcebispado até à eleição do respectivo Vigário Capitular.
    Refira-se que D. Patrício da Silva foi também membro do Conselho de Regência, quando D. João VI adoeceu gravemente (4 de Janeiro de 1826), juntamente com a Infanta D. Isabel Maria (24). Logo depois iniciou-se o curto primeiro reinado de D. Pedro IV (Imperador do Brasil), o qual nomeou Par do Reino o Cardeal D. Patrício da Silva. Foi no dia seguinte que o Cardeal escreveu ao Cabido de Évora comunicando que tomara posse do Patriarcado de Lisboa, com as honras da púrpura cardinalícia e as funções de metropolita. Despediu-se da Igreja de Évora com palavras muito amáveis.
    Com a saída de D. Patrício da Silva de Évora, iniciou-se uma das mais agitadas vacâncias da Sé Eborense, a qual só veio a terminar em 1829 com a subida ao trono do Rei D. Miguel, que energicamente pôs termo aos abusos existentes e escolheu um novo arcebispo (25) .
    A tomada de posse de D. Patrício da Silva como Patriarca, em 1826, levou a que se desse uma situação invulgar e embaraçosa, a qual a Santa Sé veio a resolver pelo melhor. Tinha saído a promoção de D. Patrício da Silva para o Patriarcado em carta régia, conforme a concordata em vigor. Porém, antes que chegasse de Roma a bula pontifícia da sua nomeação, ele, Patrício da Silva, apressou-se a tomar posse do lugar. Canonicamente, este acto era nulo e o transgressor ficava automaticamente irregular, incurso nas penas canónicas. De Roma, o Papa (Leão XII) mandou-lhe uma forte reprimenda. Simultaneamente, para remediar a situação, conferia ao confessor do transgressor as faculdades necessárias para o absolver da irregularidade incursa.
    D. Patrício da Silva foi Vice-presidente da Câmara dos Pares em 1826, e pertenceu ao conselho de regência deixado creado por D. Joãqo VI (que desceu ao túmulo em 10 de Março de 1826) pois D. João VI o presava muito e não participou nos Conclaves cardinalícios de 1829 e 1830-31 (26) . Nunca foi forçado a emigrar no período difícil do Miguelismo, entre 1828 e 1834, como muitos outros foram obrigados a fazer, dada a alta consideração em que era tido em conta, quer pelos absolutistas, quer pelos liberais. Aliás, D. Patrício da Silva reconheceu a legitimidade real quer em D. Miguel quer depois em D. Pedro, como provam as suas "escandalosas" pastorais (27) . Apesar da sua posição ambivalente (ou talvez por isso mesmo), o regime liberal vitorioso tirou-lhe "tudo e o reduziu a uma pensão de que nunca recebeu metade, residindo, por isso, no Mosteiro de S. Vicente, para evitar despesas" (28) . Assim se explicam as dificuldades que ele próprio e o Patriarcado passaram nesse período após 1834 e que o seu testamento confirma.
    Contudo, D. Patrício da Silva foi procurando contrariar os ventos de mudança que se faziam sentir após 1834 e que sopraram de forma particularmente violenta nos primeiros anos do Liberalismo, época de certa animosidade contra os velhos privilégios da Igreja.
    Aquando do baptismo do futuro rei D. Pedro V, nascido a 16 de Setembro de 1837, o Cardeal D. Frei Patrício da Silva fez questão de manter o antigo ritual dos baptizados reais, contrastando com a "falta de etiqueta, anarquia e desordem" desses tempos: "Havia tudo quanto a antiga etiqueta manda que se faça, confundido com as cenas mais democráticas, parecendo aos olhos de todos que o Real Palácio das Necessidades, em parte, se tinha convertido no Palácio do Presidente de uma República" (29). De facto, o préstito iniciava com "o seu primeiro esmoler de cruz alçada, a cavalo numa mula branca (...) sendo Sua Eminência transportado numa riquíssima cadeirinha, levado e rodeado por vários criados de libré" (30) . Estas palavras são do Marquês de Fronteira, que rematou o relato nos seguintes termos: para escândalo de toda a gente, "os patriotas e os inimigos da religião estabeleceram o precedente de receber a bênção do seu Prelado com desdém e de chapéu na cabeça" (31) .
    Como se depreende, D. Frei Patrício da Silva parecia como que alheado das transformações que se produziam rapidamente no mundo à sua volta, cumprindo à risca a antiga etiqueta e mantendo uma certa ordem e solenidade na cerimónia de baptismo real, ao passo que quase todos os demais infringiam as velhas regras de protocolo (32).

    O testamento de D. Frei Patrício da Silva
    D. Frei Patrício da Silva faleceu em 13 de Janeiro de 1840, com 83 anos, tendo ficado sepultado na Igreja de S. Vicente de Fora. Sete anos antes - ou seja, no terrível ano de 1833 - tinha feito o seu testamento, contemplando nele considerável número de familiares e outras pessoas, a quem, naturalmente, se sentia ligado.
    Assim, como se poderá confrontar pela transcrição integral em anexo, foram contempladas as suas três irmãs: Helena Bárbara Fonseca e Silva, Maria Joana Fonseca e Silva e Ana Hedwiges Fonseca e Silva. Foi também seu herdeiro o filho da sua falecida irmã Felícia, António Luís Ribeiro da Silva (então capitão num novo regimento de infantaria), de quem descende a 1ª Viscondessa da Barreira.
    D. Patrício da Silva não se esqueceu igualmente dos oficiais de infantaria de linha, seus segundos sobrinhos: Patrício José Torcato, Joaquim Simão da Silva e Sousa e José Torcato da Silva e Andrade, assim como de Ana Hilária de Andrade da Silva, sua prima.
    No entanto, em finais de 1839, foi obrigado a adicionar um codicilo ao seu testamento, apenas duas semanas antes da sua morte. Esta adenda (que também se encontra em anexo) foi ditada, dada a sua frágil situação física. O motivo da adenda era simples: a precária situação financeira em que se encontrava, não só ele próprio, como todo o Patriarcado, situação essa que se tinha degradado desde a data de elaboração do testamento pois "ocorreram circunstancias extraordinárias". De facto, muito tinha mudado desde 1833. Lembramos que a instauração do Liberalismo, em 1834, foi um rude golpe no poder económico da Igreja em Portugal.

    Biblio:
    1 CHARTERS d'AZEVEDO, Ricardo, PORTELA, Ana Margarida e QUEIROZ, Francisco, "Villa Portela - os Charters d'Azevedo em Leiria e as suas relações familiares (séc XIX)", Gradiva, Lisboa, 2007 (pag .257 - 284)
    2 O Couseiro, p. 60.
    3 Na altura pertencia à Paróquia de S. Tiago de Leiria. Hoje, o Lugar dos Pinheiros pertence aos Marrazes, que englobou essa extinta paróquia (Vd. O Couseiro).
    4 Silva (D. Frei Patrício da), In "Grande Enciclopédia Portuguesa Brasileira", vol. 28, p. 837-838.
    5 Mariana, Minas Gerais, Brasil. Também chamada "Cidade dos Bispos" ou Atenas Mineira e igualmente conhecida como Leal Vila de Nossa Senhora do Carmo.
    6 Como Inocêncio da Silva, no seu Dicionário Bibliográfico (ob. cit.).
    7 O Couseiro, p. 63. Note-se que o anotador do Couseiro era quase vizinho dos Pinheiros e foi ali capelão.
    8 É o que defende o autor de O Couseiro, assim como João Afonso Corte Real e vários outros autores e investigadores de genealogia, sobretudo seus descendentes em linha colateral.
    9 Matrículas - Teologia, 12.11.1779; Matemática, 11.10.1780. Graus - Bacharel, 22.6.1784, Licenciado, 20.7.1785; Doutor, 31.7.1785. Cadeiras - opositor (1790-1802); s/indicação de cadeira (1806); substituto 1ª Exegética (1814); substituto 1ª Subsidiária (1814-1815); 7º lente 2ª Teorética (1816-1820), 4º lente. Cf. Memoria Professorum Universitatis Conimbrigensis.
    10 A ele se refere A. Oliveira Marques, como maçom em, “História da Maçonaria em Portugal - política e maçonaria 1820 - 1869 (2º parte)”, Ed Presença, Lisboa, 1997,Apendice, pag 571
    11 Segundo carta do próprio D. Patrício da Silva ao Cabido Eborense, escrita no Convento da Graça de Lisboa em 27 de Agosto desse ano (A.D.E., Pasta n.º 2). Ver igualmente"O Panorama" 1854, pag 132 artigo de L. A. Rebello da Silva onde se refere que "Fr. Vicente da Soledade, monge beneditino, foi nomeado arcebispo da Baía; o doutor Francisco Alexandre Lobo, escritor distinto, teve o bispado de Viseu; o doutor Luis da Cunha d'Abreu e Mello o de Beja; o bispado de Castelo Branco foi dado ao doutor José de Miranda Coutinho e o de Angra a Fr. Manuel Nicolau, religioso carmelita; ao desembargador Manuel Telles da Silva fê-se a mercê do priorado mór de Aviz; a Fernando Teles da Silva do condado de Tarouca; e a D. José de Castelo Branco do título de Conde de Pombeiro. O conde de Amarante, depois marquez de Chaves, recebeu a graça de uma vida no mesmo título; aos gentis homens da camara de el-rei concedeu-se a mercê de se cobrirem nos actos de corte como os grandes do reino. Outros muitos favores e graças concorreram para o esplendor da gala"
    12 A.D.E., Pasta n.º 2.
    13 A.D.E., Pasta n.º 1. O Bispo de Eucarpia era auxiliar em Évora.
    14 A.D.E., Pasta n.º 2.
    15 A.D.E., Pasta n.º 2, carta de 4 de Setembro de 1822.
    16 A.D.E., Pasta n.º 2.
    17 COSTA, Júlio de Sousa e - D. Maria II, 1819-1853. Episódios do seu tempo, coligidos e anotados, p. 61.
    18 Na carta de nomeação pode ler-se: "Tendo sido Servido instaurar huma Secretaria de Estado, para o expediente dos Negocios Ecclesiasticos, e de Justiça, separada de todas as outras: e attendendo aos conhecimentos, prudencia, e virtudes, que revestem a pessoa do Arcebispo Metropolitano de Evora, D. Fr. Patrício, do Meu Conselho, e por esperar que em tudo sempre servirá à Minha satisfação, como até agora: Hei por bem nomeallo Ministro e Secretario de Estado dos Negocios Ecclesiasticos, e de Justiça. O Conde de Sub-Serra, do Meu Conselho de Estado, Ministro Assistente ao Despacho, o tenha assim entendido, e faça executar. Bordo da Náo Windsor Castle, surta no Tejo, em 11 de Maio, de 1824. Com a Rubrica de Sua Magestade" (I.A.N./T.T., Legislação avulsa do século XIX).
    19 RITZLER, Remigium / SEFRIN, Pirminum - Hierarchia Catholica Medii et Recientoris Aevi. Vol. VII (1800-1846).
    20 A.D.E., Pasta n.º 2, carta de 23 de Outubro de 1824.
    21 A.D.E., RR 15 b.
    22 A.D.E., Pasta n.º 2.
    23 A.D.E., Pasta n.º 2, carta de 30 de Janeiro de 1826.
    24 No Arquivo da Casa de Loulé existe um documento em que o Cardeal D. Patrício da Silva, seguido da Infanta Regente Dona Isabel Maria, dão permissão para a celebração do casamento da Infanta Dona Ana de Jesus Maria com o 2º Marques de Loulé. Veja-se VASCONCELOS, Francisco de - A Infanta Dona Ana de Jesus Maria: Infanta de Portugal - Marquesa de Loulé.
    25 Em Évora, foram auxiliares de D. Frei Patrício da Silva o Bispo de Eucarpia (D. António José de Oliveira, que já tinha servido os dois anteriores arcebispos) e o Bispo de Bugia (D. António Maurício Ribeiro), este último o alegado causador dos desassossegos a que D. Miguel pôs cobro, exilando-o para o Convento de Brancanes, onde morreu.
    26 RITZLER / SEFRIN, ob. cit., Vol. VII (1800-1846).
    27 COSTA, Francisco de Paula Ferreira - Memórias de um Miguelista, 1833-1834.
    28 COSTA, Francisco de Paula Ferreira - Memórias de um Miguelista, 1833-1834.
    29 Memórias do Marquês de Fronteira e Alorna, V-VI, p. 236.
    30 Memórias do Marquês de Fronteira e Alorna, V-VI, p. 236.
    31 Memórias do Marquês de Fronteira e Alorna, V-VI, p. 236.
    32 BONIFÁCIO, Maria de Fátima - D. Maria II. A descrição da cerimónia de baptismo pode ser encontrada no capítulo I de MÓNICA, Maria Filomena - D. Pedro V.
    33.Diz-se "Demissão" de um maçom quando ele deixa de ser membro activo de uma Oficina, não perdendo a qualidade de maçom, nem deixando de ficar obrigado aos seus deveres, excepto aos pecuniários. In "Dicionário de termos maçónicos" de Pedro Manuel Pereira, editado pela SeteCaminhos, 2008.
  • Nota: De D. Fr. Patrício da Silva são conhecidos os seguintes escritos:

    “Septmginta Hebdomades ábbreviatae sunt super popolum tuum. & Daniel”. Cap. 9. V. 21. Dissertação. Coimbra, 17 de Julho de 1790. Ms. 733, arquivado na Bib. da Univ. de Coimbra.

    “Exame e censura da obra manuscripta, que á Real Academia das Sciencias de Lisboa offereceu o seu sócio Francisco de Borja Garção Stockler, etc, dividida em tres livros: o 1." contém as suas poesias lyricas; o 2.º a traducção de alguns psalmos; o 3º." as suas poesias avulsas”. 4.°, de 176 pp. Tem a data de 29 de Maio de 1819. Esta crítica à obra que Garção Stockler se propunha publicar ficou inédita. Encontra-se arquivada na Academia R. das Ciências noticia Inoc. da Silva no seu Dic. Bibliog.

    “Oração fúnebre, recitada no Convento da Graça de Lisboa, nas exéquias solemnes do arcebispo da Bahia D. Fr. Antonio Corrêa, etc”. Esta oração, que ficou igualmente inédita, encontrava-se em poder de Inoc. da Silva. Segundo este, havia sido escrita ao tempo em que D. Fr. Patrício da Silva era ainda, um simples religioso da Ordem de S.'° Agostinho. Devia ter sido, pois, proferida em 1802, ano em que ocorreu o falecimento de D. Fr. António Correia, na Baía, da qual era Arcebispo Primaz.

    “Theses/De Ecclesia/Ejusque Capite/Romano Pyntifice / Quas / Duobus Puplicis Certaminibus Praeside/Fr. Patrício Büvio/B. A./Sustinebit/ /Fr. Gregorius Garcia/In Augustiniano Gliaiocnensi Collegio/Die Decurrentis mensis... vespere/et ãie... Vésper”. Destas «Conclusões», não vimos qualquer exemplar impresso. No entanto, sabemos que tiveram honras de tipografia. Quem o garante é um requerimento do autor, que se encontra na T. T., Desembargo do Paço (Estremadura), maço 1931, n.° 14, juntamente com outras peças do processo, numa das quais se diz que a licença de impressão foi dada em 24 de Maio de 1797, depois de examinadas pelo Censor Régio P. Frei Francisco da Conceição Wanzeler.

    “Pastoral a todos os fieis, clero e povo, do arcebispado d'Évora”, datada de 10 de Maio de 1820. Lisboa, na Offic. de Simão Thaddeo Ferreira. 4.° gr., de 86 pp. Esta pastoral é considerada pelos críticos um documento notável não só pelo seu valor literário e excelência da doutrina nela contida, mas também por ser, no seu género, uma das mais extensas que se conhecem.

    Pastoral a todas as pessoas ecclesiasticas e seculares do patriarchado acerca do jubileu do anno soneto, ooncedido pelo papa Leão XII”. Tem a data de 3 de Maio de 1826. Ibi. na Typ. Galhardo. Fol., de 10 pp.

    “Pastoral a todas as pessoas ecchsiasticas e seculares do patriarchado”, datada de 23 de Agosto de 1826. Ibi na mesma Tip. 4.° gr., de 12 pp.

    Pastoral a todas as pessoas ecclesiasticas e seculares do patriarchado, acerca da revolução proclamada no Porto, em. 16 de Maio de 1828 para sustentar a Carta Constitucional”. Datada, da 9 de Junho de 1828. Ibi, na referida Tip. Fol, de 3 pp.
    “Pastoral a todas as pessoas ecclesiasticas e seculares do patriarchado, mandando publicar a bulia de Leão XII contra a Maçonaria e mais sociedades secretas”. Datada de 9 de Janeiro de 1829. Ibi, na dita Tip. Fol., de 20 pp.

    “Pastoral ao clero do patriarchado, etc”. Desta, como das pastorais anteriores, se acha notícia no Dicio. Bibliog. de Inoc. da Silva. Dela diz apenas que é datada de 20 de Maio de 1829 e que foi impressa na Tip. Galhardo, nada informando, porém, sobre o seu formato e n.° de pág. que continha.

    “Pastoral de 19 de Setembro de 1832, mandando rezar por D. Miguel «o novo David suscitado entre nós pelo Céu misericordioso»”. Não vimos este documento. O que sabemos a seu respeito foi colhido em Memórias para a História dum Scisma, de J. Augusto Ferreira, que afirma poder «ler-se in extenso na Camara Eclesiástica do Patriarcado».

    “Pastoral a todas as pessoas ecclesiasticas e seculares do patriarchado, acerca do jubileu concedido pelo papa Gregorio XVI”. Datada de 16 de Junho de 1833. Lisboa, Tip. Galhardo. Fol., de 7 pp.

    “Pastoral a todo o clero e fieis do patriarchado sobre a mudança do governo em Lisboa e restituição da auctoridade da senhora D. Maria II”. Datada de 30 de Julho de 1833. Ibi, na referida Tip. Galhardo. Fol., de 4 pp.

    “Pastoral a todos os fieis ecclesiasticos e seculares do patriarchado”, dada em Lisboa a 28 de Setembro de 1837. Ibi, na dita Tip. 4.°, de 31 pp. Foi reproduzida na íntegra no Escudo da Religião Catholica, n." 42, daquele mesmo ano (Reserv. B. Nac).

    “Pastoral de 19 de Fevereiro de 1839”. Pôde ler-se na Camara Eclesiástica do Patriarcado, segundo o testemunho do já citado livro Memórias para a História dum Scisma.

    “Oração evangélica, recitada na real Capella da Universidade, por occasião da festividade que n'élla se celebrou em acção de graças pelai exaltação de S. M. F. o senhor D. João VI ao throno do reino-unido, etc. Em l4 de Abril de 1817”. Coimbra, Imp. da Univ., 1840. 4.° gr., de 15 pp. Ê obra póstuma, pois que o seu autor, como ficou dito, faleceu em Janeiro de 1840. Foi seu editor o secret. da Univ., Vicente José de Vasconcelos e Silva. Vem precedida de uma Advertência da autoria de José Maria de Abreu. A “Oração Evangélica” é considerada uma das mais belas peças de eloquência sagrada em língua portuguesa.

    BIBL. —
    Pe. João António Pereira, Oração fúnebre nas exéquias do [...] Cardeal Patriarcha D. Patrício da Silva; J. Canais de Flg Oastelo-Branco, Estudos Biog. ou notic. das pessoas retratadas, p. 108;
    Inoc, da Silva, Dic. Bibliog. Tomos II, p. 357, III, p. 293, VI, 357 e XVII, pp. 147-148;
    Dic. Portugal, vol. VI, p. 912;
    Fortunato de Almeida, Hist.ª da Igreja em Portugal, tomo IV, P. IV, pp. 154-155;
    Legislação Portuguesa (1822-1833);
    Memórias do Marquês da Fronteira e d'Alorna, partes 5.a e 6.a, pp. 8 27, 47, 122, 134, 167, 236, 2S6 e 287;
    Mons. José Augusto Ferreira, Memórias para a História dum Scisma, pp. 450 e seg;
    Dr. Mota da Veiga, Esboço Historico-Literário da Faculdade de Teologia, p. 283;
    Bol. da Bib. da Univ. de Coimbra — Catálogo de Manuscritos. Cod. n.os 706-821, p. 104;
    O Mensageiro, n.° 1280, de 6 de Abril de 1940 e n.« 1987, de 7 de Jan. de 1956;
    Liv. do Cong, das Activ. do Dist. de Leiria, O Coliponense Doutor Dom Fr. Patrício da Silva, pp. 63-73. Art.0 de J. Aíonso Corte-ReaL
  • Nota: 21 Dezembro 1780; tomou ordens de Presbitero1
  • Nota: 13 Maio 1818; Eleito Bispo de Castelo Branco mas não tomou posse pois foi nomeado Arcebispo de Évora no ano seguinte1
  • Nota: 3 Maio 1819; Arcebispo de Évora1
  • Nota: desde 1820 ate 1826; 17º Arcebispo de Évora1
  • Nota: 21 Fevereiro 1820; confirmado por Roma como arcebispo de Évora1
  • Nota: 20 Março 1820; Recebeu o último vencimento como prof da Fac de Teologia da Universidade de Coimbra, respeitante ao 2º quatel do ano 1820 (AUCoimbra,Processo de prof, Cx 333)
  • Nota: 30 Abril 1820; sagrado como arcebispo na igreja de N S da Graça de Lisboa, tendo tomado posse por procuração a 21 do mesmo mês1
  • Nota: 11 Maio 1824; Conselheiro de Estado, sendo esta data a da nomeação de ministro, cargo que era inerente a ser Conselheiro de Estado
  • Nota: 27 Setembro 1824; elevado a Cardeal1
  • Nota: 13 Maio 1826; confirmado por Bula como Patriarca de Lisboa1
  • Falecimento: 3 Janeiro 1840; São Vicente de Fora, São Vicente de Fora, Lisboa, Lisboa; (Livro de Óbitos da Freg. de S. Vicente, Lisboa, 1840)

Citações

  1. António Francisco Barata Memória Histórica sobre a fundação da Sé de èvora e das suas antiguidadea, Minerva Comercial, Èvora, 2ª edição (1903) fonte deconhecida isbn "pag 117 a 119."
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Dr. Patrício José da Silva1

f: antes 1820
  • Nascimento: Arrabalde da Ponte, Leiria; (verbete de exames da Universidade de Coimbra)
  • Nota: Foi ordenado em Ordens menores
  • Casamento: Casado(a) com=Isidora Margarida de Andrade
  • Nota: 1 Outubro 1760; Univ de Coimbra, Coimbra, Coimbra; Martriculado na Instituta
  • Nota: 27 Junho 1767; saiu bacharel formado em Cânones. teve matrículas de 1761 a 1766 (Ver verbete de exames na Universidade de Coimbra)2
  • Falecimento: antes 1820; Quando do inquerito de genere dos seus netos, já tinha falecido

Citações

  1. Marcelo Olavo Corrêa d'Azevedo 'Doutor D. Frei Patrício da Silva', Boletim da Academia Portuguesa de Ex-Libris, nº 87, 1986, 12-14.
  2. Universidade de Coimbra ed. Livro de Matrículas da Universidade de Coimbra, Universidade de Coimbra, Coimbra, fonte deconhecida edition (Ano da matrícula) (Arquivo da Universidade de Coimbra).
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Paula da Silva

Familia: Diogo Gonçalves

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Pedro da Silva

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Pedro de Arez da Costa e Silva

n: 14 Setembro 1984
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Pedro Gomes da Silva , 2ºalcaide de Campo Maior e Ouguela

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Pedro Luís de Bellegarde da Silva

n: 24 Fevereiro 1833, f: 7 Fevereiro 1900

Citações

  1. Website Geneall (http://www.geneall.net).
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Eng. Pedro Manuel Dutschmann Jesus da Silva

n: 1 Janeiro 1970

Familia: Maryline Sylvie Delage n: 22 Dez 1970

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Pelaio Guterres da Silva

n: cerca de 1000

Familia: Adosinda Ermigues n: c 1010

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Regina Jorge Pereira da Silva1

n: 28 Fevereiro 1957

Citações

  1. Website Colégio Brasileiro de Genealogia - Artigos genealógicos: título Niemeyer (arquivo de Paulo Carneiro da Cunha) (http://www.cbg.org.br/arquivos_genealogicos_n_01.html).
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Ricardo da Silva

n: 1847
  • Nascimento: 1847; Regueira de Pontes, Regueira de Pontes, Leiria; A data do casamento teria 28 anos. No registo de baptismo de seu filho Manuel é dado como ser filho de José Francisco Canário e de Ana Gomes, ele natural de Monte Agudo e ela da freguesia dos Marrazes (ADLeiria, Casamentos, Leiria, Regueira de Pontes, fl 36v e 37, IV-35-E-24)
  • Casamento: 25 Novembro 1875; Regueira de Pontes, Regueira de Pontes, Leiria; (ADLeiria, Casamentos, Leiria, Regueira de Pontes, fl 36v e 37, IV-35-E-24); Casado(a) com=Josefa de Jesus Gomes
  • Nome alternativo: 1883; Ricardo Charters Ribeiro; A partir do nascimento da sua filha Maria registou-se com este nome

Familia: Josefa de Jesus Gomes n: 1848

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Dr. Ricardo Ribeirinho da Costa e Silva

n: 7 Setembro 1976
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Rita Augusta da Silva

n: 8 Julho 1836, f: 26 Novembro 1918

Familia: Antero Frederico Ferreira de Seabra da Mota e Silva n: 22 Set 1821, f: 14 Fev 1883

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Rodrigo Gomes da Silva

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Rui Gomes da Silva , 1º alcaide de Campo Maior

  • Nota: Vassalo do rei D. Pedro I (1364)
    1º alcaide-mór de Campo Maior e Ouguela
    Braamcamp Freire levanta sérias duvidas que este Rui Gomes da Silva seja filho de Aires Gomes da Silva, o Velho, tendo em conta a idade: tendo seu pai nascido c. 1330 é duvidoso que o tivesse tido em 1400 e que, a ter nascido cerca de 1360, tivesse casado em 1422, estivesse em Tânger em 1436-1437 e fosse ainda vivo em 1449. Mais ainda: um diploma refere ser ele da criação do infante D. Duarte (que nasceu em 1391). Há genealogistas que o fazem filho de outro Aires Gomes da Silva, o Novo, com o que Braamcamp Freire também não concorda. Até que novas investigações permitam apurar a questão, seguimos o que está nos nobiliários.
  • Casamento: 1418; Ceuta; Casado(a) com=Isabel de Menezes1

Citações

  1. Luis se Salazar y Castro História Genealógica da Casa Silva, Melchor Alvarez y Mateos de Llanos, Madrid, 1º ed. (1685) (fonte deconhecida repository, fonte deconhecida repository reference) "II parte, § III, pag 18 a 20."
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Rui Manuel Santos Silva

n: 24 Fevereiro 1963

Familia: Maria Helena Costa Santos n: 1 Mar 1963

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Sandra Patrício Leite e Silva

n: 11 Abril 1971
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Sebastião Pereira da Silva

n: 9 Novembro 1646

Citações

  1. Anotado pelo Visconde da Cortegaça Nobiliário de Alentem, do anotador, Lisboa, 1º (1955).
  2. Felgueiras Gaio Nobiliario de Famílias de Portugal, n.pub., n.p., fonte deconhecida edition (fonte deconhecida publish date).
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Selma Lyra da Silva1

Citações

  1. Website Colégio Brasileiro de Genealogia - Artigos genealógicos: título Niemeyer (arquivo de Paulo Carneiro da Cunha) (http://www.cbg.org.br/arquivos_genealogicos_n_01.html).
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Silvestre Silva

n: 24 Setembro 1775
  • Baptism: 24 Setembro 1775
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